sábado, 19 de agosto de 2023

praia

Postado por Bianca Barion às 21:56 0 comentários
hoje eu fui antigida por uma memória tão doce, mas melancolicamente proporcional a sua graça
o alvoroço dos sons das ruas a medida que se atingia o grande calçadão em frente ao mar, o mergulho dentro do supermercado
o pão com peito de peru e alface
o caminho de volta para o san remo com morangos submergidos por chocolate
o hall, tudo em tom marrom
entrada de pedreste entrada de banhista
o apartamento com cheiro de areia 
meu pai, minha mãe, meu irmão e eu
apenas nós 
em um ambiente de um só quarto 
a felicidade mais pura e simples
hoje ninguém mais vive junto
são cidades e países diferentes
ninguém mais divide um quarto
ninguém fica jogando carta de madrugada até o zelador vir bater na porta
cada um vive sua vida
talvez na pura solidão
ou na construção de uma nova família
mas, oh, meu Deus, obrigada por essas lembranças
da epoca que minha memoria ainda funcionava e eu não tinha medo de nada e ainda desconhecia a ansiedade e o pânico
que o rosto queimado do sol era a recompensa no final do dia
e no outro que surgia no horizonte era sempre iniciado com os mesmos protocolos
abrir a janela logo cedo para saber se ia dar praia
eu sempre fui acometida por pensamentos em demasiada proporção
mas nem assim eu seria capaz de saber o quanto esses momentos me fariam falta
eu queria nós 4 juntos de novo, comendo pastel com os pés afundados na areia
desculpe por fazer minha morada no passado
eu amo vocês 
V, R, A

quinta-feira, 27 de julho de 2023

谢谢你

Postado por Bianca Barion às 17:48 0 comentários
eu quero ir à lua
e quero que ninguém saiba
assim como você fez comigo
quero tirar fotos e te mandar por correio
uma decada depois
para você saber que eu mentia e escondia
enquanto dizia que estava em um quarto de hospital

sábado, 22 de julho de 2023

my monthly mourning

Postado por Bianca Barion às 21:09 0 comentários

the natural anxiety remedy you bought on one of your trips

it assumes the bulky role

and almost miraculous

to erase the memory of the comfort of sleeping in your tender arms

my mourning begins every time you get up and leave

or open the door of my house and go down the stairs

my heart sinks and the scenery drops into a black and white world

I don't know when I'll hear from you

or when I can intertwine my fingers with yours

when will I see your body moving again with my purple backpack

I cry

I stay in bed

but i don't allow it to last more than a day

it's already 180 days of grief

among them days of happiness

where I learn the size of the joy I feel by your side

will be proportional to my sadness away from you

that's why sometimes I'm afraid, while you protect me, hold my hand, caress my hair

how much will this weigh at the time of your departure

I wanted to live in a reality where every day would have its share

but not

maybe my heart will meet your next month

like the keyring broken in two from Romeo and Juliet

we attract like magnets

and separation is painful

but happiness is so great

I realize, then, that there are pains worth bearing

sábado, 3 de junho de 2023

meu luto mensal

Postado por Bianca Barion às 17:56 0 comentários

o remédio para ansiedade natural que você comprou em uma das suas viagens 
ele assume o papel vultoso
e quase milagroso
de apagar a recordação do conforto de dormir nos seus braços ternos 
o meu luto se dá inicio toda vez que você levanta e se vai
ou abre a porta de minha casa e desce as escadas
meu coração se aperta e o cenário cai em um mundo preto e branco
não sei quando terei notícias de você 
ou quando poderei entrelaçar meus dedos com os seus
quando verei novamente seu corpo se movendo com minha mochila roxa 
eu choro
eu fico na cama
mas eu não permito que isso dure mais que um dia
são já 180 dias de pesar
dentre eles dias de felicidade
onde eu aprendo que o tamanho da alegria que eu sinto ao seu lado
vai ser proporcional à minha tristeza longe de você
por isso às vezes tenho medo, enquanto você me protege, me dá a mão, acaricia meu cabelo
o quanto isso vai pesar na hora da sua partida
eu queria viver em uma realidade onde todo dia teria sua participação 
mas não
talvez meu coração se encontre com o seu próximo mês
igual ao chaveiro partido em dois do Romeo e Julieta
a gente se atrai como imãs 
e a separação é dolorosa
mas a felicidade é tamanha
percebo, então, que tem dores que valem suportar


segunda-feira, 8 de maio de 2023

menino do meu sobrenome/my surname boy

Postado por Bianca Barion às 20:10 0 comentários

ódio também é vinculo
como o padre costumava dizer
e eu jurava que nunca teria vinculo com quem me machucou
os desejando a liberdade da minha fúria
mas com você
que cresceu comigo
compartilhou de brincadeiras
voltou
tirou de mim algo precioso
retornos e retornos sem fim
mentiras
o nosso vinculo é eterno
e então que ele seja o ódio que eu sinto por você


hate is also a bond
as the priest used to say
and i swore i would never bond with the one who hurt me
wishing them freedom from my fury
but with you
who grew up with me
shared jokes
returned
took something precious from me
endless returns and returns
lies
our bond is eternal
and then let it be the hate I feel for you

segunda-feira, 3 de abril de 2023

dear lc

Postado por Bianca Barion às 20:43 0 comentários



tonight i miss lying on your chest
a longing that made me shed tears
which don't make sense cause you're not mine
and the body whose I rest on is temporary
but you make me sleep
sleepy
as a kind of tranquilizer
just like when you warm the seats for me
looking for a spot to park on a crowded street and says that I can sleep
and I really want
because your smell is there
your look
your sweet voice

maybe I'm writing about this because I can't sleep
1:41am

when I'm in the room with you and I move subtly
you already wake up to check if everything is fine with me
no one has ever hugged me with the soft seats
or held my hand in my favorite movie scene
you even said it was okay to wait for everyone to leave the theater while I kept crying

I want you

not now but always

but I can't




essa noite eu estou com saudades de deitar sobre o seu peito

uma saudade que me fez derramar lágrimas

as quais não fazem sentido pois você não é meu

e o corpo o qual repouso é temporário

mas você me deixa adormecida

sonolenta

como um tipo de calmante

assim como quando você aquece os bancos para mim

procura uma vaga em uma rua lotada e diz que posso dormir

e eu eu realmente quero

porque seu cheiro está lá

seu olhar

a sua voz doce

quando estou no quarto com você e me movo sutilmente

você já acorda para verificar se está tudo bem comigo

ninguém nunca me abraçou com os bancos queitinhos

ou segurou minha mão na minha cena favorita

nem disse que tudo bem esperar todo mundo sair da sala do cinema enquanto eu continuava chorando


eu quero você

não agora, mas sempre

mas eu não posso


rocha

Postado por Bianca Barion às 08:06 0 comentários
Enquanto estou sentada no topo da montanha
Com a minha bebida de vidro verde eu imagino quão fácil seria eu morrer
Eu poderia cair do penhasco
Alguém poderia vir e me empurrar
Poderia haver um assassino nessas ruas escuras
Os seus sons abafados pelo cachorro que late 
Mas eu penso que há uma igreja com as luzes fracas em minha frente
E uma que brilha forte atrás 
E elas não deixariam isso acontecer
O jeito mais fácil seria os 7 comprimidos que tomei hoje 
Sem motivo nenhum
Talvez eu queira cair do meu próprio penhasco

segunda-feira, 27 de março de 2023

valid injury

Postado por Bianca Barion às 19:08 0 comentários

 


why can they strike you and leave?

who teaches them to unload words of affection

attendance guarantee

the need for absence

who allowed them

where is it said that this is something cool

socially

who

at what time

this was accepted


use them

direct transitive and pronominal

to wear out through use; spend (if)


and go away

the wound has no blood

your hands are not tinted red

the vein does not dilate and then open

no one around you offers you a bandage

but isn't that like playing someone against something sharp?

it's not about taking confidence and letting your guard down and doing whatever you want


usurp

direct transitive

take for yourself, appropriate; assume, avow.


and then be passed over, Adjective. Omitted, ignored, skipped.


why is this allowed?

where is the good nature of people

they think wrong is only in the law books

or that the pain is physical

no

this is not the world i believe in

I bleed without a rip

and it hurts

and drips in the same way

you miserable

a lesão é válida

Postado por Bianca Barion às 19:03 0 comentários




por que podem te golpear e partir? 

quem os ensina a descarregar palavras de afeto 

garantia de presença

e a necessidade da ausência

quem os permitiu

onde é dito que isso é algo legal

socialmente

quem

em que momento

isso foi aceito 

usá-las

transitivo direto e pronominal

desgastar(-se) pelo uso; gastar(-se)

e ir embora

o ferimento não tem sangue

suas mãos não ficam tonalizadas de vermelho

a veia não se dilata e então se abre 

ninguém a sua volta te oferece um curativo

mas isso não é como jogar alguém contra algo cortante?

não é pegar a confiança e deixar sua guarda baixar e fazer o que quiser 

usurpar 

transitivo direto

tomar para si, apropriar-se de; assumir, avocar.

e então ser preterido, Adjetivo. Omitido, ignorado, saltado.

por que isso é permitido?

onde está a boa índole das pessoas

elas pensam que o errado está apenas nos livros de lei

ou que as dores são as físicas 

não

não é esse mundo que eu acredito

eu sangro sem rasgo

e doí 

e goteja da mesma forma 

seu miserável 

sexta-feira, 24 de março de 2023

minha imaginação morreu / my imagination died [PT/EN]

Postado por Bianca Barion às 21:48 0 comentários



quando eu era mais jovem
ao deitar no colchão na parte de baixo da beliche
eu tinha a necessidade de criar cenários na minha cabeça
de coisas que nunca aconteceriam
sobre o menino do meu colégio que eu havia visto talvez 3 vezes
que era alto
moletom verde musgo
ele sempre sorria e tinha muitos amigos
eu imaginava qual seria a textura da sua pele
e o som da sua voz
criava um passeio escolar em um parque aquático onde eu ficaria sozinha
porque eu sempre estava sozinha
por alguma motivo, ele, loiro, sorridente, estaria sem os amigos
poderíamos respirar aquele ar úmido com cheiro de cloro
ele se inclinaria para falar comigo
eu dava leve risadas na cama, imersa na felicidade falsa
o cabelo molhado na volta do ônibus e o nosso segredo
a nossa conversa em alguma parte escondida do parque


hoje eu preciso de remédio controlado e não consigo imaginar nenhum menino
porque sei que nenhum viria falar comigo
ou se importaria


eu sempre odiei a escola
mas sinto falta do conteúdo de desilusão que ela me presenteava
hoje eu vivo o sonho que eu sempre tive
mas sem o elemento
o menino que nunca existiu

acho que dele que sinto mais falta
e ele nem sequer tem nome
ou feição





when I was younger
when lying on the mattress at the bottom of the bunk
I had the need to create scenarios in my head
of things that would never happen
about the boy from my high school that i had seen maybe 3 times
that was tall
moss green sweatshirt

he always had a smile and had many friends

I imagined how his skin texture would be like
and the sound of your voice

created in my mind a school trip to a water park where I would be alone
because I was always alone
for some reason, he, blond, smiling, would be without his friends
we could breathe that humid, chlorine-smelling air
he would lean over to talk to me

I laughed lightly in bed, immersed in fake happiness

wet hair on the way back from the bus and our secret
our conversation in some hidden part of the park

today i need controlled medicine and i can't imagine any boy
because I know that none would come and talk to me
or would mind

I always hated school
but I miss the content of disillusionment that it gave me

today i live the dream i always had
but without the element

the boy who never existed

I think I miss him the most
and he doesn't even have a name
or feature

quinta-feira, 16 de março de 2023

mont blanc [IT]

Postado por Bianca Barion às 20:51 0 comentários

un giorno fai qualcosa per la prima volta

senza rendersi conto che pensava fosse impossibile

i sottili fiocchi che partono dalle goccioline d'acqua colpiscono il finestrino dell'auto

e lo colpirono sempre più forte

sempre più bianco

trasformato in un tuffo sul bersaglio

sorridi

salta sul pavimento freddo e vede formarsi dei cristalli tra i tuoi capelli

il cuore palpita

arriva il pensiero corrosivo

"è l'ultima volta che vedrò qualcosa di simile per la prima volta"


ma un giorno sali sulla una montagna coperta da una scivolosa coltre bianca

senti il ​​bruciore delle tue mani se provi a tenerlo nel palmo

l'orizzonte è coperto di montagne innevate

e ti dimentichi delle gocce nel cofano  


e imparare

c'è sempre di più

c'è qualcosa di più grande che non possiamo ancora vedere

mont blanc [PT]

Postado por Bianca Barion às 20:38 0 comentários

um dia você faz algo pela primeira vez 
sem se dar conta que julgava impossível
os flocos finos que iniciam através de gotas de água batem no vidro do carro
e cada vez mais forte o atingem
ficando mais brancas
transformada em um mergulho no alvo
você sorri
pula para o pavimento frio e vê a formação de cristais no fio do seu cabelo
o coração palpita 
o pensamento corrosivo vem~
"é a última vez que vou ver algo assim pela primeira vez"

mas um dia você sobe no topo de uma montanha revestida de manta branca e escorregadia
você sente o queimado das mãos se a tentar manter em sua palma
o horizonte se cobre com montanhas níveas 
e você se esquece das gotas do retrovisor

e aprende
sempre tem mais
existe algo maior que não podemos ver ainda 








 

Inquieta Solidão Copyright © 2012 Design by Antonia Sundrani Vinte e poucos

Copyrighted.com Registered & Protected  RA7V-0LGL-PXUV-ZUOE