quarta-feira, 29 de setembro de 2021

ribeirão

Postado por Bianca Barion às 01:33 0 comentários
eu sinto que tenho que manter os olhos fechados pelos próximos dias
a falta do meu carro não me levará a lugares que eu gosto
lugares que eu tirava foto até do detalhe escondido, porque eu tinha achado cantinhos especiais
quero que tudo mergulhe em caixas de papelão sem cor
quero o espaço suma da minha visão
não quero lembrar de cada pedaço seu e como eu amo você
que quando me veio em mente se todos nós temos um paraíso individual, que Deus nos dá o lugar que nos sentimos mais confortaveis enquanto vivos e então passaremos a eternidade lá. um lugar. não uma cidade. um momento. e sim um apartamento. você, eu pensei no mesmo segundo, quero poder ficar aqui pela eternidade, mas enquanto eu estiver viva, nenhum lugar é minha casa.
não posso criar raízes, tenho que ser forte, tenho que continuar caminhando ao meu objetivo.
eu queria que você tivesse sido o último lugar a me abraçar antes de eu partir sozinha pelo mundo.
eu tenho vontade de desistir.
de ficar aqui com você.
desculpa se não posso.
você é o lugar que mais amei em chamar de lar, mesmo eu achando que meu lar está do outro lado do mundo. aqui você é o meu. e como se diz adeus a você?
no final das contas, temos que ser nossa própria casa.

terça-feira, 14 de setembro de 2021

castiel

Postado por Bianca Barion às 02:09 0 comentários
a primeira música que coloquei para tocar quando atingi seus pedais, aquela da minha novela favorita, o espaço foi preenchido com felicidade e você me abraçava, confiante. você me guiou para casa e me confortava ao saber que era tão fácil lidar com você. mesmo que te batesse no chão rispido da calçada, nada de você caira. você foi minha primeira conquista, você me levou para fora do meu cep e me dirigiu a outro. me esperava no ar preenchido com aroma de laranja da minha universidade. sempre se destacou no meio de tantos iguais a você por conta de seu adesivo que não conseguimos tirar de sua cor cinza e então se integrou a ti. seja sua própria casa, sempre pensei, mas você é a minha. porque apenas quando suas luzes laranjas se acendem eu sei que estou no lugar certo e, caso não esteja, você me levará lá. 
me desculpe por fazer você de consultório e achar que estava tudo bem não ter reflexos o suficiente. me desculpe pela dor ao bater naquele pedaço de aço cortante que sangrou toda sua lateral. um sangue cor amarela que não combina com seu cinza.
no fim da minha primeira corrida de alguns km com você eu disse "obrigada, castiel, eu amo você" Castiel porque é o nome de um anjo, que nem você, que me fez perder o medo de dirigir.
agoro te peço perdão e agradeço, de alguma forma, não ter permitido me machucar.
assim como o primeiro amor, o primeiro carro não esquecemos.
logo você estará bem. eu te amo, viva para sempre, por favor. 
 

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