domingo, 6 de maio de 2018

[TEXTO] BONECA DE PAPEL

Postado por Bianca Barion às 23:17 0 comentários




Ficava sozinha e compreendia que as pessoas não podiam circundá-la em todos os momentos, até preferia
As paredes respiravam e transpiravam junto, escutando o quanto seu silêncio podia passar por entre as suas finas camadas
Tudo aquilo era ensurdecedor
Então deitar-se na cama ou pular em direção ao chão frio da madrugada
Não sabia qual era o melhor
Alguém seria capaz de dizer o que era? perguntava a si
Quando olhava em sua volta, não encontrava ninguém
Mas repetindo que entendia que não havia como alguém estar sempre lá
Também perguntava se era normal ninguém nunca estar
Enquanto todo aquele silêncio a curvava por inteira de tão alto que era, como ninguém escutava?
Talvez tivesse que passar por todas as portas deixando seu rastro de lágrima
Poderia ser que alguém olhasse e viesse perguntar algo
Talvez não
E ela sabia que ninguém ouviria seu pedido de socorro mudo entre as frestas
Percebeu que estava completamente rasgada
Pensava que talvez fosse frágil como algo feito de papel
Por isso todos tinham medo de tocá-la
Porém ao acordar na manhã seguinte sabendo que recolher-se sozinha era o melhor
Sem ninguém ter dito isso
Ou ter lhe dado a mão
Tinha certeza que era forte como algo feito de aço
Sabendo que às vezes precisava ser feita de papel
Aceitava que a rigidez não lhe pertencia




terça-feira, 1 de maio de 2018

[TEXTO] SENSORIAL

Postado por Bianca Barion às 22:44 0 comentários


Todas as vezes que ela te via
Seus olhos te ressiginificavam
Onde ao reconhecer o toque de seus lábios úmidos
Lamentava por fazê-lo
Mas assim continuava, pela segunda e quarta vez
A você era puramente entregar-se ao desejo
A ela era doar-se por inteira
Era reconstruir uma parte a qual você despedaçara
O vazio que você havia instalado em um espaço dela antes cheio
Completo por uma ternura quente que agora só aquecida pelo ar que é exalado de você
De suas narinas, da sua boca gosto de hortelã devidamente preparada para a vinda da boca dela
A boca que cambaleia, que teme, mas que sempre vinha
A você era puramente conquista
A ela era o sentimento de pertencer
Você costumava ser o ritmo de seus passos, de seu fôlego
Ela teve de aprender a fazer tudo sozinha de novo
Enquanto você fazia tudo quantas vezes fosse necessário
Sem ter como se livrar
Entregou-se e você disse a ela para partir
Não estava preparado
Ela então parou de dar significado ao que não tinha
Vocês
A ela foi um alívio
A você foi a maior perda









 

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