O primeiro amor sempre vai ser aquele buraco deixado no
peito. O primeiro vazio que você perceberá que não há alguém para preenche-lo. Não
aquele primeiro menino que gostamos quando temos 12 anos. Aquele da quadra do
prédio. Aquele que te dá oi às vezes. Não. Aquela primeira pessoa que faz você
sentir o amor, e meu Deus, como é difícil arrancá-la.
Aquele que você conheceu para lá dos 18 anos e que te chamou
para sair mais de uma vez. Que não cansou na segunda vez e não fugiu na
terceira. Você descobriu a mão que se encaixava perfeitamente na sua, como um
quebra cabeça finalmente terminado. Aquele silêncio que não incomoda, o beijo
que acontece no meio da caminhada escura e chuvosa, onde você se esquece que
seu rímel já está na suas bochechas e seu cabelo armado. Esquecendo quem você é
e trazendo à tona tudo de melhor que você possa oferecer. O nervosismo
frequente toda vez que vai o ver. E os cenários começando a mudar. Você vê a
imagem dele esperando por você com aquele moletom vinho no parque, no metrô, no
shopping, na casa dele.
A primeira pessoa que você conheceu o som do coração ao
deitar sobre seu peito, e que fez o seu disparar por uma noite inteira numa
mistura de euforia e suor. Onde nenhum corpo ficara tão próximo do seu e nenhum
sentimento tinha te invadido a alma. A garganta seca e o cansaço da voz, onde
ele te olha tão perto, emaranhando as mãos em seu cabelo úmido, provocando
sensações em cada fibra de um corpo tremulo.
Você pode perceber que está apaixonada.
Talvez ele te provocasse as maiores dúvidas de sua vida, o
maior medo do que será amanhã quando não estivessem juntos. Talvez ele passe
alguns dias sem te responder, talvez você não saiba como foi o dia dele hoje.
Talvez você chore a noite inteira por motivos os quais você nem sabe quais são,
porque você ainda não sabe amar. Não sabe lidar com tanta coisa junta. E ele
pode aparecer dias depois, fazendo o peso do seu peito diminuir em segundos e
fazer o suspiro mais longo de alivio aparecer.
Os meses podem se passar, quem sabe anos de idas e voltas.
Quem sabe nunca houve uma rotulação de nada entre vocês. Ele não foi
apresentado como seu namorado para sua mãe, mas ela sabia dele. Nunca houve uma
certeza entre vocês. Ele pode ter te apresentado para os amigos, aqueles que
você não vê tem um ano. Você pode ter enchido os ouvidos das suas amigas
falando dele. Ele pode ter dito que gostava de você, e você sussurrado de
madrugada que o amava. Ele pode ter prometido que te veria na próxima semana,
só que essa semana pode nunca ter chegado.
Pode ser que seu primeiro amor tenha acabado, assim, do nada,
da mesma forma em que começou. E talvez esse amor te assombre para sempre. Você
pode ver ele seguindo a vida por meio de fotos. E isso possa
doer. Não. Eu tenho certeza que isso doerá muito. Aquela música que você ouvia
vai doer. E então tempo suficiente passará até que ele se torne uma lembrança
borrada em sua memória. Talvez você sorria. Talvez chore. Talvez sinta ele te
esquecendo. Mas saberá que tudo valeu a pena, porque ele foi o primeiro a te
dar o sentimento mais bonito que você sentiu.
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