Eu nunca soube o que era solidão. Vivia de pequenos amores
que me rendiam grandes dores. De coisas irreais que aos olhos da fé
transformavam-se em verdadeiras. Regava com todo meu sangue e lágrimas flores
que nunca desabrochariam. Cortei-me com espinhos que faziam doer a alma por
toda noite. Eu não sentia solidão. Sentia dor.
Hoje o jardim que não mais cultivo, os pequenos pedaços
deixados por alguém, aqueles que não me bastam mais, tudo foi embora. A
liberdade preencheu-me e sinto o seu gosto agridoce na boca todo santo dia. O
amargo vem quando olho em volta e não vejo nada. O doce vem na presença do
descanso e da calmaria de um coração que já doeu muito. Mas a dor do vazio, ela
existe. Existe de tal modo que nos faz perguntar qual o melhor lado a jogar. Entregar-se
ou recuar-se.
Todo mundo precisa de alguém. Eu penso e repenso. Não quero
acreditar. Segure sua própria mão, eu digo, faça a si mesma sorrir. Vá sozinha.
Volte com o sabor do dever cumprido. Seja firme e continue forte. E se eu cair?
Bem, eu aprendi a voar.
Mas querer alguém esperando caso o voo não seja bem-sucedido
não é uma má ideia. Ou talvez alguém que voe comigo. Segurar as mãos de alguém
no momento mais frio não seria exatamente ruim. E nem a companhia de alguém na
volta e na ida. A mentira que isso não é o melhor para mim agora não parece a
melhor ideia. Forte é quem admite. Precisamos de alguém.
Agora eu sei o que é solidão.
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