segunda-feira, 30 de maio de 2016

[PARA SE INSIPRAR] CARTAS A UM JOVEM POETA

Postado por Bianca Barion às 16:43 0 comentários
Momentos como a falta de criatividade podem ser maçantes e longos para qualquer um que escreve. Assim como dúvidas que nos assombram em relação ao texto que redigimos. Bom ou péssimo?  Parece sempre haver uma linha tênue entre os dois. Andei por muito tempo me perguntando se estava seguindo o caminho certo e o livro ‘’Cartas a um Jovem Poeta’’ de Rainer Maria Rilke, apareceu como um delicioso conselho. Com certeza o livro inteiro parece dedicado a quem lê, como se o autor soubesse o que nos aflige. No post de hoje, decidi pegar trechos da obra que podem nos trazer inspirações.

 ‘’Ninguém pode aconselhá-lo e ajudá-lo. Ninguém. Há apenas um meio. Volte-se para si mesmo. Investigue o motivo que o impele a escrever; comprove se ele estende as raízes até o ponto mais profundo do seu coração, confesse a si mesmo se o senhor morreria caso fosse proibido de escrever. Sobretudo isto: pergunte a si mesmo na hora mais silenciosa de sua madrugada: preciso escrever? Desenterre de si mesmo uma resposta profunda. E, se ela for afirmativa, se o senhor for capaz de enfrentar essa pergunta grave com um forte e simples ‘’Preciso’’, então construa sua vida de acordo com tal necessidade. ’’

‘’Ser artista significa: não calcular nem contar; amadurecer como uma árvore que não apressa sua seiva e permanece confiante durante as tempestades de primavera, sem o temor de que o verão possa não vir depois. Ele vem apesar de tudo. Mas só chega para os pacientes, para os que estão ali como se a eternidade se encontrasse diante deles, com toda a amplidão e a serenidade, sem preocupação alguma. Aprendo isto diariamente, aprendo em meio a dores às quais sou grato: paciência é tudo! ’’

"O senhor é tão jovem, tem diante de si todo começo, e eu gostaria de lhe pedir da melhor maneira que posso, meu caro, para ter paciência em relação a tudo que não está resolvido em seu coração. Peço-lhe que tente ter amor pelas próprias perguntas, como quartos fechados e como livros escritos em uma língua estrangeira. Não investigue agora as respostas que não lhe podem ser dadas, porque não poderia vivê-las. E é disto que se trata, de viver tudo. Viva agora as perguntas. Talvez passe, gradativamente, em um belo dia, sem perceber, a viver as respostas. Talvez o senhor já traga consigo a possibilidade de construir e formar, como um modo de viver especialmente afortunado e puro; eduque-se para isso. Mas aceite com grande confiança o que vier, e se vier apenas de sua vontade, se for proveniente de qualquer necessidade de seu íntimo, aceite-o e não o odeie. 

Desejo que todos vivam suas próprias perguntas com muita maturidade e sem pressa. Já que escrever é expor seu interior para as pessoas, o que pode dar receio e dúvidas de como fazê-lo. Toda caminhada de auto-conhecimento demanda tempo e só dessa maneira aprenderemos a melhor maneira de colocar para fora tantos sentimentos e pensamentos, e disso que um escritor sobrevive; amor pelo o que faz, seu conhecimento acerca do mundo e de si próprio.  


Boa sorte e grande beijo.
:D

domingo, 29 de maio de 2016

[TEXTO] A GRANDE DOR DO PRIMEIRO AMOR

Postado por Bianca Barion às 14:43 0 comentários

Imagem de art, love, and waves


O primeiro amor sempre vai ser aquele buraco deixado no peito. O primeiro vazio que você perceberá que não há alguém para preenche-lo. Não aquele primeiro menino que gostamos quando temos 12 anos. Aquele da quadra do prédio. Aquele que te dá oi às vezes. Não. Aquela primeira pessoa que faz você sentir o amor, e meu Deus, como é difícil arrancá-la.

Aquele que você conheceu para lá dos 18 anos e que te chamou para sair mais de uma vez. Que não cansou na segunda vez e não fugiu na terceira. Você descobriu a mão que se encaixava perfeitamente na sua, como um quebra cabeça finalmente terminado. Aquele silêncio que não incomoda, o beijo que acontece no meio da caminhada escura e chuvosa, onde você se esquece que seu rímel já está na suas bochechas e seu cabelo armado. Esquecendo quem você é e trazendo à tona tudo de melhor que você possa oferecer. O nervosismo frequente toda vez que vai o ver. E os cenários começando a mudar. Você vê a imagem dele esperando por você com aquele moletom vinho no parque, no metrô, no shopping, na casa dele.

A primeira pessoa que você conheceu o som do coração ao deitar sobre seu peito, e que fez o seu disparar por uma noite inteira numa mistura de euforia e suor. Onde nenhum corpo ficara tão próximo do seu e nenhum sentimento tinha te invadido a alma. A garganta seca e o cansaço da voz, onde ele te olha tão perto, emaranhando as mãos em seu cabelo úmido, provocando sensações em cada fibra de um corpo tremulo.

Você pode perceber que está apaixonada.

Talvez ele te provocasse as maiores dúvidas de sua vida, o maior medo do que será amanhã quando não estivessem juntos. Talvez ele passe alguns dias sem te responder, talvez você não saiba como foi o dia dele hoje. Talvez você chore a noite inteira por motivos os quais você nem sabe quais são, porque você ainda não sabe amar. Não sabe lidar com tanta coisa junta. E ele pode aparecer dias depois, fazendo o peso do seu peito diminuir em segundos e fazer o suspiro mais longo de alivio aparecer.

Os meses podem se passar, quem sabe anos de idas e voltas. Quem sabe nunca houve uma rotulação de nada entre vocês. Ele não foi apresentado como seu namorado para sua mãe, mas ela sabia dele. Nunca houve uma certeza entre vocês. Ele pode ter te apresentado para os amigos, aqueles que você não vê tem um ano. Você pode ter enchido os ouvidos das suas amigas falando dele. Ele pode ter dito que gostava de você, e você sussurrado de madrugada que o amava. Ele pode ter prometido que te veria na próxima semana, só que essa semana pode nunca ter chegado.


Pode ser que seu primeiro amor tenha acabado, assim, do nada, da mesma forma em que começou. E talvez esse amor te assombre para sempre. Você pode ver ele seguindo a vida por meio de fotos. E isso possa doer. Não. Eu tenho certeza que isso doerá muito. Aquela música que você ouvia vai doer. E então tempo suficiente passará até que ele se torne uma lembrança borrada em sua memória. Talvez você sorria. Talvez chore. Talvez sinta ele te esquecendo. Mas saberá que tudo valeu a pena, porque ele foi o primeiro a te dar o sentimento mais bonito que você sentiu.

segunda-feira, 16 de maio de 2016

[PARA SE INSPIRAR] LITERATURA ASIÁTICA

Postado por Bianca Barion às 15:31 0 comentários
Expandindo meu amor pela cultura asiática, resolvi falar de alguns livros com autores da Ásia traduzidos para o português. :D 

LITERATURA JAPONESA

Haruki Murakami é um grande sucesso no Japão e mundo a fora, por isso vale a pena conferir seus livros traduzidos, que somam em 12. Seu mais recente prêmio conquistado foi o de ‘’literatura Hans Christian Andersen’’, onde nomes como Paulo Coelho e J.K Rowling já foram consagrados.

Kafta à Beira-Mar

Autor: Haruki Murakami                      
Editora: Objetiva

Sinopse: Kafka Tamura é um solitário menino de 15 anos que decide fugir da casa do pai para escapar de uma terrível profecia, além de tentar encontrar a mãe e a irmã, que partiram quando ele ainda era criança. Ele leva poucos pertences em uma mochila e não sabe nem ao menos que rumo seguir. Sua rota de fuga irá se cruzar, inevitavelmente, com a de Satoru Nakata, um homem idoso que, após passar por um trauma inexplicável na infância, adquiriu estranhos poderes sobrenaturais.
A odisseia desses personagens, tão misteriosa para eles quanto para nós, será pontilhada por provações e descobertas, em uma das mais surpreendentes obras da literatura dos últimos anos.

Compre aqui.


Caçando Carneiros 

Autor: Haruki Murakami                   

Editora: Alfaguara Brasil


Sinopse: Lançado originalmente no Japão em 1982, 'Caçando carneiros' é o romance que tornou Haruki Murakami conhecido mundialmente. Permeado de mitologia e mistério, a obra é um thriller literário extraordinário. O protagonista do livro é um personagem, do qual não sabemos o nome, que leva uma vida tranquila trabalhando numa agência de publicidade, convivendo com a ex-mulher e alguns amigos - todos muito comuns, ou assim parece. Mas tudo muda depois que ele recebe uma carta misteriosa e conhece pessoas inesperadas - uma modelo de orelhas sedutoras, um grupo político de direita com um chefe enigmático e, por incrível que pareça, um homem-carneiro. Lançado em uma busca fantástica, ele terá que atravessar o Japão para encontrar o único carneiro que pode trazer novamente algum sentido ao seu cotidiano. Nessa jornada, nosso narrador se verá no lugar de um excêntrico detetive que, ao mesmo tempo em que esclarece pistas, descobre um pouco mais sobre si mesmo. Murakami é um autor que sabe contar histórias extraordinárias como ninguém. Ao mesclar situações banais a fatos inexplicáveis, ele faz com que o leitor mergulhe em seu universo e se deixe levar por suas narrativas oníricas.

Compre aqui.


Mar inquieto  

Autor: Yukio Mishima                     

Editora: Companhia das Letras

Sinopse: O jovem pescador Shinji conhece Hatsue, uma mergulhadora de beleza inquietante, na orla da praia de Utajima, onde mora com a mãe e o irmão. Hatsue é filha de Terukishi Miyata, um dos homens mais ricos da pequena vila pesqueira japonesa. Shinji e Hatsue se apaixonam e frustram a vontade do pai da garota de vê-la casada com Yasuo, pretendente a quem ela fora prometida. Tem início uma história de amor proibida, de desenlace imprevisível. 

Yukio foi um grande nome da literatura japonesa. Seu primeiro livro publicado foi ‘’Confissões de uma máscara’’ onde o leitor leva a misturar suas sensações e experiências com a do personagem. Em sua vida, Yukio escreveu mais de 40 novelas, peças e ensaios.

Compre aqui.



LITERATURA CHINESA


A Montanha e o Rio

Autor: Da Chen                             

Editora: Nova Fronteira

Sinopse: ‘A montanha e o rio' narra a saga de dois irmãos que trilham caminhos distintos, mas cujas vidas se encontram quando se mesclam inevitavelmente aos acontecimentos que marcam a história política e social da China no final do século XX. Numa trama repleta de conspiração, mistério e paixão, Tan e Shento se tornam inimigos ferozes tanto no campo político quanto no pessoal, pois, por um capricho do destino, se apaixonam pela mesma mulher, o que contribui para acirrar ainda mais o ódio que sentem um pelo outro. Com esta história envolvente, que levou oito anos para ser concluída, Da Chen, conhecido por suas obras memorialísticas, faz sua primeira incursão pela área da ficção. A marca de Da Chen está por certo presente nesta narrativa que possui também traços do romance histórico e é perpassada pelas milenares tradições do Oriente e suas relações com o mundo ocidental.
Outro livro do autor Da Chen que vale a pena conferir é ‘’A última imperatriz’’, um romance o qual o personagem principal, Samuel Pickens, vai atrás dos segredos em relação à morte de sua esposa. 

Outro livro do autor Da Chen que vale a pena conferir é ‘’A última imperatriz’’, um romance o qual o personagem principal, Samuel Pickens, vai atrás dos segredos em relação à morte de sua esposa.


Compre aqui.


Legend

Autora: Marie Lu                                 

Editora: Rocco

Sinopse: Ambientado na cidade de Los Angeles em 2130 D.C, na atual República da América. Conta a história de um rapaz – o criminoso mais procurado do país – e de uma jovem – a pupila mais promissora da República –, cujos caminhos se cruzam quando o irmão desta é assassinado e a ela cabe a tarefa de capturar o responsável pelo crime. No entanto, a verdade que os dois desvendarão se tornará uma lenda.

Marie Lu é uma escritora chinesa de romance jovem-adulto. É especialmente conhecida pela trilogia ‘’Legend’’ traduzido para o português. 

Compre aqui.

Pequim em Coma

Autor: Ma Jian                           

Editora: Record

Sinopse: Com humor negro, fina ironia, beleza poética e uma raiva profunda, este extraordinário romance conta a história de Dai Wei, um dos estudantes envolvidos nas manifestações. Há quase uma década em coma profundo, após ser atingido pela bala de um dos soldados, seu corpo é sua prisão. Mas as lembranças permitem a fuga.
Conforme o relato minuto a minuto dos acontecimentos que culminam no tiro se torna mais intenso, o leitor se vê hipnotizado por uma fascinante jornada emocional, onde os limites entre vida e a morte se tornam cada vez mais nebulosos.

Ma Jian é um escritor chinês, seu primeiro trabalho traduzido para o inglês foi ‘’Strick Out Your Tongue’’. Seus livros possuem uma linguagem mais violenta e retratam coisas como sexo e violência. 

Compre aqui.


LITERATURA COREANA 

Por favor, Cuide da Mamãe

Autora: Kyung Sook Shin                    

Editora: Intrínseca

Sinopse: Park So-nyo, 69 anos, mãe de cinco filhos, desapareceu. Ao chegar a Seul para visitá-los, saindo de sua aldeia com o marido, com quem é casada há mais de 50 anos, ela é deixada para trás em meio à multidão em uma plataforma da estação de metrô. Como fez a vida toda, ele simplesmente supôs que a esposa o seguia. Essa é a última vez em que Park é vista.Começa então a procura, liderada pelos filhos e o marido, que se transforma em uma exploração emocional repleta de remorso e marcada pela triste descoberta de uma mulher que ninguém nunca conheceu. Narrado pelas vozes de uma filha, de um filho, do marido e da própria mulher desaparecida, Por favor, cuide da Mamãe é, ao mesmo tempo, um retrato da Coreia do Sul contemporânea e uma história universal sobre família e amor. 

A autora Kyung é sul-coreana e já escreveu sete romances e três obras de não-ficção. Em 2012, conquistou o prêmio ‘’Man de Literatura Asiática’’ com Por favor, Cuide da Mamãe, sendo a primeira mulher a ganha-lo. 

Compre aqui.


Infelizmente, livros traduzidos do coreano estão em falta, mas se alguém quiser saber sobre novelas coreanas (dorama), eu estou sempre aí com uma lista imensa HAHAHAHA.

Espero que tenham gostado e se inspirado a ler algum. 


Grande beijo :*  



sexta-feira, 13 de maio de 2016

[RESENHA 13] A GAROTA NO TREM

Postado por Bianca Barion às 14:34 0 comentários

A garota no trem
Autora: Paula Hawkins
Editora: Record

Sinopse: Todas as manhãs Rachel pega o trem das 8h04 de Ashbury para Londres. O arrastar trepidante pelos trilhos faz parte de sua rotina. O percurso, que ela conhece de cor, é um hipnotizante passeio de galpões, caixas d’água, pontes e aconchegantes casas.
Em determinado trecho, o trem para no sinal vermelho. E é de lá que Rachel observa diariamente a casa de número 15. Obcecada com seus belos habitantes – a quem chama de Jess e Jason –, Rachel é capaz de descrever o que imagina ser a vida perfeita do jovem casal. Até testemunhar uma cena chocante, segundos antes de o trem dar um solavanco e seguir viagem. Poucos dias depois, ela descobre que Jess – na verdade Megan – está desaparecida.
Sem conseguir se manter alheia à situação, ela vai à polícia e conta o que viu. E acaba não só participando diretamente do desenrolar dos acontecimentos, mas também da vida de todos os envolvidos. 


Infelizmente e felizmente foi o primeiro livro de suspense que li na vida. Como? Também não sei, passei 19 anos da minha vida enterrada em romances e esse novo ar não poderia ser melhor, porque começou com esse livro maravilhoso. O devorei em menos de uma semana, em uma leitura compulsiva onde meus olhos corriam entre as linhas para descobrir mais coisas de Megan, Scott, Rachael...

Rachel é a personagem principal, a que viu, a que sabe e que ao mesmo tempo não sabe. Isso devido ao seu problema com o alcoolismo, o que nos levar a tatear com cuidado o que ela está dizendo. Será que o que ela vê é real? Além do problema de ela não se lembrar de muita coisa quando está bêbada. Aí que o livro fica interessantíssimo, quando em um dia comum na sua vida, indo de trem a Londres, ela se vê imersa na vida de Jess e Jason (nomes inventados por ela, que os vê sempre pela janela do trem). Na verdade, são Megan e Scott. Pessoas que Rachel tem imaginado como seriam a vida, uma vida perfeita e feliz, diferente da dele. Separada de Tom, com raiva de sua atual mulher, Anna.
Só que obvio, aparências enganam, e Rachel aos poucos descobre mais da vida de seus personagens e seu véu de que a vida deles é perfeita se desmancha. Jess está desaparecida. Jess que Rachel descobre ser Megan. E pelo que Rachel viu pela janela do trem, um dia antes de seu desaparecimento, a induz em uma trilha em busca de respostas. Respostas sobre o que aconteceu naquele dia pode estar ligado com seu desaparecimento.


O livro é incrível, com uma leitura fácil e viciante, onde o cenário muda a todo momento. Sendo narrado pela visão de Rachel, Megan e Anna, esposa de Tom. Um quebra cabeça que, para mim, só foi montado no finalzinho. A lição desse livro com certeza é que aparências enganam, e muito. Talvez eu tenha ficado um pouco paranoica até com o porteiro? Talvez. 



quinta-feira, 5 de maio de 2016

[SELEÇÃO DE TEXTOS ANTIGOS] AS SEMENTES DE MARIA

Postado por Bianca Barion às 20:34 0 comentários
Maria sentira falta de João.

O tamanho da sua saudade trazia para perto a tristeza. A tristeza emaranhava-se e retorcia-se para perto da saudade.

E nesse jogo, o céu entristeceu-se com o choro de Maria e começou a chorar também. A água da chuva regou as sementes do amor de Maria e ali desabrocharam lindas flores. Flores para João.

O choro e a chuva pareciam aumentar ao contemplar tão belas flores sem a presença de João. Maria queria mostrar todas suas flores a João.

Maria entrou em um barco e seu choro a levou até o sertão, onde João estava. A chuva dera de beber a várias plantas e a população nunca se vira tão feliz.

Feliz ficaria Maria se visse João.

Uma parte da cidadezinha ainda estava seca e a chuva e o choro não conseguiam atravessar. Maria aproximou-se. João estava lá.

Não havia sementes para Maria. João nunca as plantou, nunca as teve.

Todas as flores de Maria morreram, lá há 1000 km de distância. A dor atravessava oceanos.

Oceanos que não se comparavam às lágrimas de Maria. E o maior deserto não se comparava ao coração de João. 





terça-feira, 3 de maio de 2016

[TEXTO] PIOR QUE PERDER ALGUÉM, É PERDER A SI MESMO

Postado por Bianca Barion às 16:37 0 comentários
Eu queria telefoná-la, mandar um email ou quem sabe uma carta. Carta. Ela ficaria feliz em receber uma. Queria contar-lhe o que vem passando aqui dentro e o que assusta lá fora. Como as coisas mudaram e como eu superei alguns medos. Como outros cresceram, como pessoas foram embora. Não. Ela não ia gostar de saber disso. Se eu ao menos pudesse encontrá-la em algum canto. Escolher as palavras certas para que ela não me olhasse com pena. ‘’Você sabia exatamente o que queria’’. Não quero ouvir isso dela.

Ela ficaria feliz em saber que entrei na faculdade. Talvez risse dos meus novos gostos e diria ‘’Jamais eu gostaria disso’’. Eu riria também. E se eu dissesse sobre minhas magoas? Bem, ela arregalaria os olhos e diria que isso é normal. Sempre será. Me confortaria com um livro ou dizendo para eu ir escrever. Faz tempo que não escrevo, aliás. Isso a deixaria desconsertada.

Se eu ao menos pudesse encontrá-la. Ela que sou eu. Ela que acreditava nos seus sonhos com tanta garra. Acreditava que a coisa mais bela era o amor. Que chorava e tinha ataques de ansiedade e achava beleza em algum lugar naquela catástrofe. Eu sempre recolhia os pedaços. E escrevia. Escrevia até tudo de belo e doloroso sair. Ela que queria o mundo. Eu que não tenho mais esperanças.

O último gole de esperança é aquele de a achar. E quando eu me achar, não dar um simples telefonema. Ela quem vai me guiar. ‘’Ei, não se perca’’. ‘’Nós somos indecisas mesmo, mas o sonho que nos escolheu nunca nos deixa’’.


Eu posso ter deixado o sonho. Mas o sonho está lá. Junto dela. Junto de mim. Eu só preciso encontrá-los.

[TEXTO] COM AMOR, SOLIDÃO

Postado por Bianca Barion às 16:19 0 comentários
Eu nunca soube o que era solidão. Vivia de pequenos amores que me rendiam grandes dores. De coisas irreais que aos olhos da fé transformavam-se em verdadeiras. Regava com todo meu sangue e lágrimas flores que nunca desabrochariam. Cortei-me com espinhos que faziam doer a alma por toda noite. Eu não sentia solidão. Sentia dor.

Hoje o jardim que não mais cultivo, os pequenos pedaços deixados por alguém, aqueles que não me bastam mais, tudo foi embora. A liberdade preencheu-me e sinto o seu gosto agridoce na boca todo santo dia. O amargo vem quando olho em volta e não vejo nada. O doce vem na presença do descanso e da calmaria de um coração que já doeu muito. Mas a dor do vazio, ela existe. Existe de tal modo que nos faz perguntar qual o melhor lado a jogar. Entregar-se ou recuar-se.
Todo mundo precisa de alguém. Eu penso e repenso. Não quero acreditar. Segure sua própria mão, eu digo, faça a si mesma sorrir. Vá sozinha. Volte com o sabor do dever cumprido. Seja firme e continue forte. E se eu cair? Bem, eu aprendi a voar.

Mas querer alguém esperando caso o voo não seja bem-sucedido não é uma má ideia. Ou talvez alguém que voe comigo. Segurar as mãos de alguém no momento mais frio não seria exatamente ruim. E nem a companhia de alguém na volta e na ida. A mentira que isso não é o melhor para mim agora não parece a melhor ideia. Forte é quem admite. Precisamos de alguém.

Agora eu sei o que é solidão.



 

Inquieta Solidão Copyright © 2012 Design by Antonia Sundrani Vinte e poucos

Copyrighted.com Registered & Protected  RA7V-0LGL-PXUV-ZUOE