domingo, 18 de janeiro de 2015

[TEXTO] MIL QUILÔMETROS

Postado por Bianca Barion às 18:51
E hoje, especialmente hoje, a vontade que é maior que ontem e menor do que amanhã, tornou a invadir os pequenos fragmentos de alguma coisa que ousava-se a ser chamado de coração. A crença imbecil e incrédula, cheia de fome de algo que nem posso tocar, o embuste que isso é para sempre. Isso que não é possível de ver a olho nu, que torna a doer as vezes, que torna a sangrar, mas nunca a morrer. O empecilho entre nós dois, ele se faz de cego diante dele o tempo todo, ele, o sentimento. Ele que cresce acovardado, mas você o dá coragem, logo a retirando. As mentiras que conta em tom de verdade. As verdades que conto em tom de mentira. Imaginei-te deitado ao meu lado, alisando meu rosto, dizendo nada. Só sentindo. Sentindo que sou a única no meio de tantas que nunca chegou a te querer. E eu te quero. Quero com todas as fibras gastas do meu corpo, com toda a minha paranoia, minha mania e loucura. Disse que não pode me mudar, mas nem eu posso. Sou isso que você vê, essa bipolaridade disfarçada de destreza e doçura, que te envolve forte, que traz você perto, mesmo estando longe. Tão longe que nem reflito muito sobre. Sua voz atravessa quantos quilômetros para chegar até meu ouvido? Aliás, quantos quilômetros um sentimento sobrevive? 

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